segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

A VIDA BRINCA CONOSCO

Sabe quando as coisas parecem estar se encaixando
Aquele momento quando as coisas ruins estão ficando para trás
Que os obstáculos estão sendo superados
Quando você para de dever para a vida e volta ao marco zero
Pois é!
É neste momento que a vida te da uma rasteira
Tira tudo de você
E te negativa
Tudo aquele que você remou, não vai mais nada
Todo o esforço, foi em vão.
Porque a vida é pior que banco
Ela não quer só o que você tem
Ela quer mais, ela quer você na lama
Você pensa que isso é o caminho da iluminação
Mas depois de tantas porradas, tantas rasteiras
Você começa a entender que não é iluminação
É uma sacanagem
Você começa a enxergar o todo
Ver que você não pode ter alegrias
Não pode ter vitórias
Você só pode dever
Dever para a vida
Para sempre
E que te dá mais raiva, são pessoas desonestas rindo pra vida
Para a sua vida
Qual é a razão desse circo?

domingo, 29 de dezembro de 2024

Ano Novo, Nova Esperança

 

Vem o ano novo, suave e ligeiro,
Trazendo promessas de um mundo inteiro.
O velho se despede, cansado e gentil,
Enquanto o novo acena, vibrante e sutil.

Brilham fogos no céu, estrelas de cor,
Riscando a noite com luz e fervor.
Cada explosão, um desejo guardado,
De sonhos antigos e um futuro almejado.

É tempo de recomeçar, renovar a vida,
De curar as feridas e encontrar a saída.
O calendário vira, mas o coração,
Segue pulsando com nova emoção.

Ergam-se taças, brindemos à paz,
Ao amor que guia, ao bem que se faz.
Que os dias vindouros tragam sabedoria,
E que cada momento seja de alegria.

Ano novo é promessa, é portal aberto,
Para o incerto, o grandioso, o incerto.
Vamos ao encontro do que está por vir,
Com coragem nos passos e brilho no sorrir.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

Um Milagre na Rua das Amendoeiras (CONTO DE NATAL)

 


A Rua das Amendoeiras era uma viela tranquila em um bairro modesto, mas durante o Natal, ela se transformava. Casas simples ganhavam luzes coloridas, e a goiabeira na esquina principal, que ficava no jardim do Seu Nestor, era decorada como uma árvore de Natal improvisada, cheia de enfeites feitos pelas crianças da vizinhança.

Ana, uma menina de oito anos, olhava pela janela com um misto de tristeza e esperança. Era véspera de Natal, e sua mãe, dona Marisa, fazia o possível para manter a magia da data viva, mesmo com a escassez que as cercava. O pai de Ana, um caminhoneiro, estava na estrada há semanas e não sabia se conseguiria voltar a tempo.

— Mamãe, será que o Papai Noel vai conseguir encontrar a nossa casa? — perguntou Ana, preocupada.

Marisa, com o olhar cansado, sorriu.

— Claro que vai, filha. Ele nunca esquece de quem acredita.

Naquela noite, enquanto as outras casas da rua se enchiam de risos e música, Ana e Marisa ficaram juntas, comendo uma ceia simples: arroz, feijão e um pedaço de frango que Marisa havia guardado com carinho. Depois, as duas sentaram na sala, iluminada apenas pelas luzinhas piscando em um pequeno pisca-pisca na janela.

De repente, uma batida suave na porta quebrou o silêncio.

— Quem será a essa hora? — perguntou Marisa, surpresa.

Ao abrir a porta, encontrou Seu Nestor, o vizinho idoso, segurando uma cesta cheia de frutas, pão e doces.

— Boa noite, Marisa. Sei que este ano tem sido difícil para todos nós, mas o Natal é sobre partilhar, não é? — disse ele com um sorriso caloroso.

Marisa agradeceu emocionada, e Ana correu para abraçar o velho vizinho.

Mais tarde, já de pijama, Ana se deitou, ainda preocupada com o Papai Noel. Marisa a beijou na testa.

— Durma, meu amor. Amanhã será um dia lindo.

Quando Ana finalmente pegou no sono, um barulho fraco veio do quintal. Marisa, intrigada, foi até a janela e viu algo que a deixou sem palavras: um trenó improvisado, feito com tábuas de madeira, puxado por um velho cavalo branco. Dentro do trenó, um homem alto, vestido de vermelho e com uma longa barba branca, acenava para ela.

— Dona Marisa! — ele sussurrou, com um sorriso no rosto. — Pode deixar o resto comigo.

Quando o homem entrou em casa, Marisa reconheceu: era Seu Nestor, vestido como Papai Noel. Ele carregava uma sacola cheia de brinquedos simples que ele mesmo havia consertado ao longo do ano.

— Não consegui comprar presentes novos, mas achei que ela ia gostar desses aqui.

No dia seguinte, Ana acordou e correu para a sala. Lá, encontrou uma pequena boneca de pano, um livro cheio de figuras e uma bola colorida. Seus olhos brilharam, e ela gritou:

— Mamãe! O Papai Noel veio! Ele encontrou a nossa casa!

Marisa, com lágrimas nos olhos, sorriu.

Naquela manhã de Natal, a Rua das Amendoeiras estava cheia de alegria. Seu Nestor, o "Papai Noel", caminhava pela rua com seu trenó improvisado, distribuindo sorrisos e pequenos milagres.

E Ana, com sua boneca nos braços, olhava para a goiabeira decorada e sussurrava:

— Obrigada, Papai Noel. Obrigada por não esquecer de mim.

Justiça por Kathlen (CONTO)


“O mistério sobre o caso da jovem Kathlen Vitória ganhou um novo e terrível cenário. A menina de 14 anos estava desaparecida há quase 1 mês, mas hoje o seu corpo foi encontrado em um barraco na zona oeste do Rio de Janeiro".

Há exatos 2 meses a jornalista Valéria Veritas Veras publicou a 1ª reportagem sobre o caso da jovem Kathlen. Deste então, a vida dos policiais Maria Oliveira e Thiago Soares, tem sido vigiada e exposta. Família, intimidade e sexualidade, tudo para garantir um clique.

Além da jornalista, os protestos de familiares e amigos da jovem eram constantes na porta da Delegacia de Homicídios da Capital/RJ.

A perícia concluiu que a morte havia ocorrido 2 dias após o desaparecimento da menina. Sua vida foi ceifada por sufocamento (mãos na garganta). Também foram recolhidas amostras de DNA nas unhas da vítima, mas não havia registro de quem a agrediu.

As buscas não levavam a lugar nenhum, até o pai da jovem relatar que sua companheira, madrasta da garota, estava desaparecida.

- Ela sempre dá umas escapadas, ainda mais quando a gente briga – falou o pai.

- Brigaram sobre o quê? – perguntou Maria.

- Ela desconfia que tenho outra.

- E o sr. tem? – questionou Thiago

- Olha... eu comecei a me aproximar da mãe da Kathlen....

Aquilo bastou para colocar Silvana Inotto no topo da lista de suspeitos.

Depois de 2 meses, após uma denúncia anônima, Maria e Thiago se dirigiam até o bairro de Inhoaíba/RJ, onde Silvana poderia estar.

Para Maria, essa seria a esperança de pôr fim nesse caso e tirar a jornalista do seu encalço, pois a mesma havia exposto assuntos delicados de sua vida. Para Thiago, seria a justiça, a qual ele ainda acreditava.

Ao chegarem no local, uma surpresa. Uma multidão envolta da casa.

Como muito custo, os policiais conseguiram retirar Silvana do local, sob uma chuva de xingamentos.

Mas, chegando à delegacia, o pior aconteceu. A mãe da jovem, Sra. Daniella, atacou Silvana com uma faca, diretamente no seu pescoço.

O sangue jorrava, enquanto Silvana proferia suas últimas palavras.

- Ele nunca mais ficará com você.

Após a morte de Silvana, Maria se viu obrigada a cumprir a sua função, prender a Sra. Daniella, diante da jornalista Valéria.

terça-feira, 24 de dezembro de 2024

Natal de Luz e Esperança


É noite de Natal, brilham as estrelas,
A magia no ar começa a envolvê-las.
Um sino distante ecoa no coração,
Trazendo a mensagem de união.

Luzes cintilantes enfeitam o caminho,
Cada lar aquecido pelo carinho.
A mesa posta, o amor repartido,
No abraço amigo, o sonho é vivido.

O menino na manjedoura repousa,
Com ternura, a humanidade ecoa.
Lembrança de um tempo de renascer,
De paz e bondade para oferecer.

Entre os risos e vozes a entoar,
Canções que nos fazem sonhar.
O Natal nos lembra, em sua essência,
Que o maior presente é a convivência.

Celebremos, pois, com gratidão,
O amor que aquece o coração.
E que o espírito natalino perdure,
Em cada gesto, que a vida configure.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Coração Inquieto

 

O que é esse tremor que não sei conter,
Um arrepio suave, difícil de entender?
Te vejo, e o mundo parece parar,
Como se tudo quisesse te admirar.

Teu riso é canção, um doce refrão,
Ecoa e se aloja dentro do meu coração.
Não sei se é sonho, ou se é realidade,
Mas em teus gestos encontro a verdade.

Caminho entre as nuvens quando estás por perto,
Meu coração bobo, tão frágil, tão aberto.
E se por acaso nossos olhares se cruzam,
Meu peito dispara, as palavras me recusam.

Ah, quem me dera coragem encontrar,
Pra te contar o que insiste em gritar.
Mas fico em silêncio, guardando comigo
Esse amor tão ingênuo, tão puro, tão amigo.

domingo, 22 de dezembro de 2024

Saudade Eterna


Saudade é brisa que corta e afaga,
um sopro que vem do tempo e embriaga,
carrega memórias num toque sutil,
de quem já partiu, mas vive em nós mil.

No silêncio da noite, um rastro aparece,
a voz que ecoava, o riso que aquece.
Nos dias cinzentos, a lembrança sorri,
e o peito se aperta por quem já não vi.

É o cheiro no vento, o passo no chão,
a sombra que dança na imensidão.
Um abraço invisível, um gesto a flutuar,
o tempo sussurra: "Sempre vão estar."

Mesmo distantes, não há despedida,
pois vivem em nós na eterna vida.
Na saudade, há dor, mas também há amor,
é a prova de que foram, são, e serão flor.

sábado, 21 de dezembro de 2024

01: HELL’S KITCHEN



A grande relação

Upper East Side – O país parou hoje após a revelação bombástica da youtuber Jessica Sam. Para quem estava vivendo em uma bolha, há duas semanas este site divulgou, com EXCLUSIVIDADE, que o filho de Jessica, Adam Jr., não era filho do seu marido, o cantor country Adam McWill, mas sim do seu concunhado John Button.
Após a divulgação, Adam passou a atacar este site de forma massiva, através das redes sociais ele chegou a dizer que iria processar o site.
Contudo, tudo mudou quando divulgamos uma conversa de Jessica com John, onde ela afirma que este seria pai de seu filho.
Então o jogo virou e a internet passou a cobrar o casal, até que nesta manhã Jessica abriu o verbo.


- Humm – interjeitou, se recostando na cadeira.
O homem procura em suas anotações, feitas em um caderno pequeno com espiral de ferro na parte superior. Não achando o que queria, passa a procurar em uma pilha de papeis amassados.
- Achei! – berrou o homem após alguns minutos.


Em uma outra conversa com uma amiga muito próxima, Jessica encaminha uma carta que seria divulgada em sua rede social, onde revela que Adam Jr. é filho biológico de John, mas que tinha escondido tudo do marido (namorado na época), pois sua relação com ele era muito mais vantajosa, confiram a carta:



- Preciso inserir a carta antes de finalizar a publicação. - anotou o homem.


Vejam que na carta Jessica apenas confessa os fatos, mas alega que achava que o marido era o pai, mas só depois de muita pressão resolveu realizar o DNA. No entanto, na conversa ela confessa que falsificou um exame, quando o filho nasceu, pois estava ganhando muitos seguidores e isso seria uma bomba em sua carreira.



O homem tira novamente as mãos do teclado do seu computador para ler o papel amassado em sua mesa.
Seu nome é Jonathan Bruce Summers, ou John Summers, como era conhecido no mundo do jornalismo e entretenimento.
John era dono e único redator do popular site de notícias The Demolisher. Popular sim, mas odiado por muitos.
Engraçado como as pessoas gostam de ler mesmo quando depreciam as coisas. Para John, pouco importasse, desde que o dinheiro entrasse.
Ele já havia trabalhado em grandes jornais, inclusive no New York Post, mas foi acusado de divulgar fake news, contrariando a política da redação.
A versão de John era um pouco diferente, envolvendo inclusive perseguição política, mas nada disso impediu de perder o emprego e quase chegar a falência.
O nome Jonathan Bruce Summers ficou queimado. Hora de criar um nome novo. Na verdade, vários nomes.
O site foi criado quando John ainda estava na faculdade de jornalismo na Universidade Columbia como sendo a única forma de escrever o que queria, mas, após os eventos cataclísmico em sua vida, virou a sua profissão.
 A grande redação do jornal onde trabalhava deu lugar ao seu novo apartamento em Hell’s Kitchen, Manhattan, NYC, no 5º andar na 9th Ave com a W47th St, em cima de uma loja de utilidades domésticas e eletrônicos.
Terminando de escrever a sua nova bomba jornalística, John programa a postagem para as primeiras horas da manhã, bem como o compartilhamento nas redes sociais.
O texto foi assinado por Rose Brandt, um dos pseudônimos utilizados por John. Ele também utilizava: Michael Collins e James Cross.
John se espreguiça à cadeira, olhando o relógio do computador.
- Nossa, duas da manhã. Mais um dia virado. Preciso dormir urgentemente.
Ele olhou o sofá-cama ao lado da mesa do computador e depois para o caderno de anotações. Havia um “compromisso” marcado para às 4 horas da madrugada, perto do restaurante brasileiro a algumas quadras dali, um informante sobre imigrantes ilegais.
Seu estômago roncou só de pensar no restaurante. Olhou para a mesa, estava com duas caixas de comida tailandesa de dois dias e na geladeira deveria haver alguma coisa de três dias.
Respirou fundo, levantou da cadeira, deixando o computador ligado, sempre a espera de uma boa matéria, pegou o paletó tweed cinza, apesar da onda de calor que passava pela cidade, e saiu do apartamento em direção as ruas de New York.
Mesmo de madrugada, a cidade era movimentada. John adorava aquilo tudo. Passou por vários restaurantes e bares até chegar ao seu destino.
Tinha marcado com o seu informante no McDonald’s próximo ao restaurante onde ele trabalhava. Por motivos óbvios, seria chamar muita atenção se marcasse no restaurante ou nas imediações.
Além disso, o McDonald’s era 24 horas e cabia no orçamento de John.
Eduardo era o contato. Um brasileiro, naturalizado americano, mas que mantinha um sotaque paulista bem carregado. Filho de pai americano, o rapaz entrou na América para estudar e acabou fundando um pequeno comércio de doces.
Contudo, os padrões americanos são diferentes dos brasileiros. Para um americano, o doce brasileiro leva açúcar demais. Além disso, achar os ingredientes necessários para fazer um brigadeiro original era bem complicado, então Eduardo foi a falência.
Começou a trabalhar no restaurante brasileiro, aproveitando as origens. Assim, conseguia pagar a faculdade.
Então porque o desgraçado queria denunciar o restaurante? Dinheiro! John pagava os informantes, se a notícia fosse boa e rendesse bem (ou seja, nunca pagava).
O site tinha seus altos e baixos. Fofoca vendia bem. Notícia séria, aí era complicado.
Então a denúncia ia servir de quê? Recompensa, prestígio e divulgação do site.
Logo, a notícia não ia render muito, então Eduardo não ia receber muito, mas John receberia pela notícia e a recompensa (esta seria maior). Como pagaria o informante somente pelo faturamento da notícia, o lucro era certo.
Era esse o plano!
- Opa! Tudo bem? – cumprimentou Eduardo.
- O que você tem pra mim?
- Aqui. – ele entrou uma pasta com documentos.
John abriu, continha diversas cópias de recibos e alguns registros dos empregados.
- Só isso? – perguntou John
- Cara, foi o máximo que consegui essa semana. – o rapaz olhava para os lados, nervoso.
- Isso não é suficiente. Preciso de algo mais concreto! – falou seco.
- Tá, vou conseguir! – o rapaz estava apreensivo.
- Tem algo te preocupando?
- Nada. Só preocupado se alguém vai me ver aqui.
John notava que era algo a mais.
- Tá bom! – passou a falar – Vê se consegui algo mais e me liga. OK?
- OK, ok!
Eduardo não pensou duas vezes, levantou e saiu da lanchonete.
John fitou o rapaz, acompanhando para qual direção ele ia e quando passou tempo suficiente, levantou e passou a seguir os seus rastros.
Não andou muito. Eduardo estava perto do McCaffrey Playground, na W43rd St., e havia mais alguém com ele.
Será um assalto. – pensou John.
Não, não era um assalto.
Ao chegar um pouco mais perto, o jornalista viu algo que não esperava. Eduardo estava se encontrando com Mark River, um ex-colunista do New York Post, rival de John, antes e depois do Post.
Mark trabalhava num jornaleco e disputava algumas matérias com John, lembrando os velhos tempos.
De posse do seu celular, John tirou algumas fotos enquanto filmava o encontro, tudo isso com um sorriso no rosto.
- Ex-colunista do New York Post é visto com imigrante de restaurante? – falou para si mesmo após desligar a gravação – Não! Talvez: imigrante ilegal? Humm, tenho que pensar no título desta matéria! – ele riu.
Alguma coisa esse encontro renderia, nem que fosse contra o próprio informante.
Chegou em casa com o raiar do sol.
Estava ansioso para saber como a sua matéria sobre a Jessica Sam seria recebida, então ligou a televisão e foi preparar um café.
O sono foi embora.
Estava perdido em eu pensamentos, quando algo na TV o chamou atenção. Na verdade, foi um nome: KAREN SUMMERS.
- O corpo da jovem Karen Summers foi encontrado na manhã deste sábado no Central Park – dizia o repórter – A polícia ainda não nos deu maiores informações, mas tudo leva a crer que a jornalista foi assassinada.
- MEU DEUS! – John estava boquiaberto

sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

COIMBRA (CRÔNICA)



Felicidade!
Essa palavra resumia uma vida perfeita.
Estava cercado das pessoas que gosto.
Fazia o que queria.
Vivia longe da corrupção brasileira.
Trabalhava como que queria.
Comprava o que queria, nada de luxo, apenas coisas de felicidade.
Tinha todo o tempo do mundo.
Passeava pelas ruas de Coimbra, da minha casa até a faculdade.
Tinha voltado a estudar coisas que me fazia bem.
Tudo era perfeito!
Mas, um balanço e meus olhos abriram.
A realidade caiu. ACIDA.
Na minha frente não estava uma rua de Coimbra, mas a Avenida Brasil.
Recheada de cracudos.
Walking Dead
Tudo foi um sono.
Um sono bom.
Mas que, por mais que tente, não consigo voltar.
Queria viver neste sono, viver na vida perfeita.
Se perfeita, não seria vida!

quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

ÚLTIMA PARADA (+18) (CONTOS DA MEIA-NOITE)


Este é um relato proibido.

Muitas pessoas impediram a divulgação dessa história para não causar tumulto, mas eu não poderia deixar de passar para frente! Não seria justo! O povo deve saber! Assumo as consequências.

Estes fatos ocorreram na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Jorge Vasconcelos era um rapaz de 28 anos, com quase 2 metros de altura, com tipo físico de impor medo, um homem com um porte 4x3.

Muitas mulheres que passaram por sua vida o classificavam como “Homão da poha”. 

Ele gostava disso.

Era segurança de uma loja de roupas no Shopping Santa Cruz, na Cidade do Rio de Janeiro.

Apesar do jeitão de durão, Jorge era muito gentil com a maioria das pessoas. Seu humor era alterado somente quando provocado. E quando digo provocado, quero dizer que a pessoa tem que ser um cuzão.

Ele tinha uma rotina muito rigorosa. Era extremamente metódico. Trabalhava de domingo a domingo, com direito a uma folga semanal. Seu turno era das 15 às 23 horas.

Contudo, Jorge nunca conseguia pegar o ônibus para casa antes das 23h30min, pois sempre ajudava a fechar a loja e acompanhava os seus colegas, visto que a loja possuía apenas funcionárias e ele se preocupava com as meninas saindo tarde da noite do shopping.

Ele morava no bairro de Senador Câmara, próximo a Escola Municipal Dias Martins. Pegava todos os dias o ônibus da linha 570P - Itaguaí x Marechal Hermes, descia no ponto em frente ao supermercado Prezunic, andava algumas quadras e chegava em casa as 2 horas da madrugada.

O bom do horário era que o buzão era vazio. A maioria das pessoas descia até a Rodoviária de Campo Grande. Jorge partia até Senador Câmara acompanhando, normalmente, com duas meninas, que trabalhavam no shopping, mas em uma loja concorrente.

As meninas eram lindas, simpáticas e divertidas, com um sorriso que iluminava o ônibus.

Jorge sempre foi simpático e respeitoso, mas dentro do seu imaginário somente ele tinha acesso. Todos os dias ele ficava imaginando possuir as duas meninas.

Sim, as duas.

Ele se orgulhava de ser abençoado pela natureza com um membro de dar inveja.

No começo, como não conhecia as meninas, simplesmente as admirava à distância, mas com o tempo e a convivência diária, Jorge se arriscou a falar uma gracinha, tentando se enturmar. Funcionou.

Papo vai, papo vem e os três pareciam velhos conhecidos, o que dava a oportunidade de Jorge conhece-las melhor, além de tirar proveito para olhar mais de perto o decote da blusa, mostrando os seios perfeitos, a pele macia e às vezes a borda do mamilo.

Os olhares de Jorge não se limitavam aos seios e sorriso, também gostava de conferir as pernas e aproveitar que as meninas usavam um shortinho bem curto para admirar as suas coxas morenas.

Uma das meninas percebeu e, após ver o volume entre as pernas do rapaz, resolver corresponder, mostrando mais um pouco dos seus dotes, provocando o rapaz ainda mais.

Permaneceram neste jogo por bastante tempo. Na verdade era justamente isso que a menina queria, provocar o rapaz. Se ela ia usufruir do membro do rapaz, só a oportunidade diria.

Ele? Estava louco. Queria adentrar o membro viril naquela menina, mas ia com cuidado, se ela desse um sinal que também queria, ele não perderia tempo, seria no ponto do ônibus mesmo, em qualquer banco de praça.

Até imaginava. Os dois trocando beijos ardentes e lascivos. Jogando a menina em cima da mesa de damas que havia na praça perto do ponto de ônibus, abrindo o zíper do shortinho, ao mesmo tempo que colocava o seu membro de 25 cm para fora. Acariciaria os seus lábios e depois introduziria o membro, fazendo a menina gritar.

Só de imaginar a cena, Jorge já ficava rígido.

Certa noite, ele acabou se atrasando. Seu chefe fez uma reunião de última hora, em virtude do saldão que iriam realizar.

O buzão estava partindo, quando Jorge fez sinal. Por sorte, ou não, o motorista parou e deixou o rapaz subir. As meninas estavam lá, mas contidas, pois um moleque sentava no seu lugar.

Ele vestia um casaco grosso com capuz, todo fechado, apesar de não estar frio.

Jorge imaginou que seria algum bandidinho.

Ele escutava funk em um aparelho de som portátil, com um pendrive plugado.

Aparentemente o rapaz não estava fazendo nada, parecia estar dormindo, mas com o som alto.

- Boa noite meninas!

- Oi!

- O que houve?

- Ah, estou com dor de cabeça e esse som está me matando – falou a menina que Jorge mais conversava.

Tentando ser um lorde, Jorge cutucou o rapaz, que abriu os olhos marejados.

- Qual foi! – reclamou.

- Pode desligar o som!

- Vai a merda crioulo!

Jorge não gostou. Na frente das meninas.

Ele cutucou o rapaz novamente.

- Ahhhhh!

- Desliga o som, a menina está com dor de cabeça! – ele disse mais sério.

- Dor de cabeça! Eu resolvo fácil, só provar do meu leitinho que ela vai melhorar. Vou te lamber todinha até você gritar – disse o rapaz passando a mão nas coxas da menina mais próxima.

Jorge afastou a mão do rapaz.

- Oh negão! Não fode cara...

PLAFT!

Jorge meteu a mão grossa e calejada no rosto do rapaz, o derrubando no banco do lado direito. A caixa de som caiu, quebrando o pendrive.

Silêncio.

O rapaz não esboçou reação.

No rosto, a marca da mão de Jorge.

Ele pegou a caixa de som, levantou do banco, sem olhar no rosto do segurança. Puxou a cigarra e desceu no ponto em seguida.

Os dias aconteceram normalmente.

Jorge descia com as meninas em Senador Camará, cada um seguia seu caminho e sua rotina.

Dois dias após a discussão, o ponto estava próximo. Eram 04 pessoas para descer. Jorge já havia puxado a cigarra.

As meninas vinham atrás dele, enquanto uma pessoa esperava nas escadas do buzão para descer.

O ônibus parou, as portas se abriram, o povo começou a descer. Ainda conversavam.

- Até mais meninas! – Jorge disse, se virando par seguir seu caminho.

Alguém interrompe a sua passagem. A pessoa que estava a sua frente. Era magro, mais baixo que Jorge, praticamente sumia perto dele. Estava de cabeça baixa, mais ao trombar de frente com Jorge, levantou a cabeça, olhando no fundo dos seus olhos.

Era o moleque.

De repente, o rapaz enfia uma faca de cozinha de 25cm na altura do estômago de Jorge.

Este somente arregala os olhos. Sem grito. Sem reação.

O rapaz ainda força para mais fundo, mantendo os olhos em Jorge, vendo a dor percorrer a sua face.

- Geme porquinho! Gostou do meu membro de 25cm?! Agora morre! - falou o rapaz.

Ele retira a faca com um movimento rápido. Jorge cai na calçada.

As meninas ouviram o barulho, olharam para trás e o horror tomou conta de seus corpos.

Um rapaz, de casaco, com uma faca na mão direita, toda tomada de sangue, um vermelho vivo, e Jorge, no chão, sangrando.

O rapaz não mexeu um músculo.

As meninas? Correram, sem olhar para trás. Não fizeram nada.

Elas nunca mais pegaram o mesmo ônibus.

Também nunca mais viram o segurança simpático que brincava com elas na volta do trabalho.

Naquele dia, Dayanne, a menina mais chegada a Jorge, falou para a amiga que voltaria e daria para o segurança.

Duas semanas após o acontecido, Dayanne estava sendo "devorada" naquela mesa de damas. Ela gritava de prazer enquanto Mayccon lambia seu sexo, apertando os seus seios perfeitos.

Suzy, a amiga de Dayanne, estava com os dois, fazendo caricias com o membro de Mayccon.

Ela estava sentada em cima do casado de capuz do rapaz, cuja manga ainda possuía o sangue de Jorge.

O BOBOCA, A FOFOQUEIRA E O OTÁRIO (CRÔNICAS DE UM COTIDIANO)


O trabalho home office nos proporciona as situações mais banais possíveis.

Você começa cedo, para terminar cedo, afinal de contas é dia 19 de Dezembro, um dia mágico para muitos advogados, conhecido como o último dia forense, véspera do recesso e das merecidas férias.

Também sabemos que é nesse dia que todas as coisas podem acontecer. AINDA NÃO FOI O CASO.

Pois bem, me vi no seguinte cenário.

Eram 8 horas da manhã, eu trabalhando no notebook, sentado no sofá da sala (na casa da minha mãe, onde tem quintal).

Meu olhar periférico capta um movimento a esquerda, na varanda do quintal.

Olhei e era o meu cachorro, Chewie, explorando a varanda.


De repente, ele vai até o pezinho de melão que minha mãe tem.

Começa a cheirar e querer explorar mais.

Cachorro não se contenta com cheirar e olhar, ele tem que lambar ou mastigar.

Pois bem, lá foi ele morder e puxar a folha do melão.

Para quem não sabe, o meloeiro é uma planta rasteira, diferente da maioria das árvores, não tem tronco ou galho sólido. 


Ele foi puxar a folha como se fosse um mato, só que a planta foi toda pra cima dele. O boboca levou um susto. 

Cão de apartamento!

Ele tentou mais duas vezes, em folhas diferentes, e a cena se repetia: ele cheirava, puxava e levava susto.

Chegou um momento que ele percebeu que eu estava olhando.

Vendo que estava sendo feito de bobo, desistiu e voltou para dentro de casa, deitando resignado no portal da casa.

IMEDIATAMENTE, a cachorrinha da minha mãe, Marocas, irmã da Juju, foi correndo para o quintal cheirar todos os cantos que o Chewie explorou, como uma boa fofoqueira (aprendeu bem com a Juju).


E eu, como um bom otário, fiquei contemplando toda essa cena e achando graça nessa farofa toda.

Agora, quem é pior: O otário, a fofoqueira ou o boboca?!


quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

EPÍLOGO. CENTRAL PARK (DO OUTRO LADO DA PONTE)



A noite estava peculiarmente quente para um fim de verão.
Karen mantinha o ritmo enquanto percorria a calçada do Central Park.
Ela corria todos os dias no parque, mas sempre ao amanhecer, contudo, as últimas semanas foram de trabalhos intensos na revista.
O chefe havia anunciado uma promoção big para quem conseguisse aumentar as vendas.
Somente 03 jornalistas estavam no páreo: Joanne, Simon e Karen.
A jovem de 25 anos trabalhava na revista Lipstick, no coração de New York, como jornalista de moda júnior. O salário ainda era muito baixo e os custos para se manter na Big Apple eram altos, ainda mais para ela, que não só gostava de moda, mas também de ser parte dela.
Então porque ela se mantinha na profissão se o salário era baixo? Duas coisas: inveja e Anna Gio.
Todos sonhavam em trabalhar na revista mais badalada de New York. Então, quando Karen conseguiu o emprego, aos 22 anos, seus pais se encheram de orgulho e seus “amigos” de inveja.
E o principal motivo da inveja era Anna Gio, editora chefe da revista.
Rica, chique e influenciada.
A promoção seria para editor da revista, logo todos ali não estavam somente de olho no salário, mas no status.
Karen não era diferente.
Tudo isso passava pela cabeça da jovem corredora.
Precisava se esforçar mais, conseguir boas matérias, furos de reportagem, se destacar. Além disso, precisava ser estonteante.
Ninguém podia trabalhar em uma revista de moda e se vestir de qualquer jeito.
Como ficar deslumbrante se tinha que gastar todas as forças para conseguir se destacar? Correr era uma opção. Se manter em forma.
Correr era a única coisa barata o suficiente para lhe fazer esquecer dos problemas (ou coloca-los em ordem).
Também era algo que lhe remetia a seu pai. O Sr. Howard dizia que correr era o melhor exercício, para o corpo e alma.
A estrada não julga e está sempre a sua espera.
Contudo, as pessoas julgam e em momentos como estes, Karen não poderia dar azo ao azar. Colocar qualquer roupa para correr? JAMAIS! Isso tinha acabado.
Imaginem as manchetes: EDITORA DA LIPSTICK VESTE MACY'S
O simples pensamento já fazia Karen tremer. Só assim ela percebeu que acabou entrando no Central Park sem perceber.
Parou repentinamente.
- Como vim parar aqui! – falou para si.
Os pensamentos a levaram para dentro do parque. Seu pai sempre disse para não ir ao Central Park a noite, principalmente sozinha.
Ela olhou em volta, mas não reconhecia nada. Por mais que conhecesse o lugar, a noite tudo fica esquisito.
A adrenalina começou a percorrer o seu rosto.
Pegou o celular para ver a localização.
- Merda! – sem sinal.
Ela começou a voltar por onde veio. Fazia sentido em sua cabeça.
O caminho era estreito e escorregadio.
Como vim parar aqui! – pensou.
Passos rápidos. Silêncio. Somente a sua respiração, rápida e ofegante.
Começou a sentir um frio na espinha.
Suas mãos estavam nervosas. Apressou o passo.
Finalmente chegou em um lugar mais largo.
Ufa – ela respirava mais aliviada.
Não parou. Continuou o passo apressado. Olhou para o celular: sem sinal.
- Meu Deus! – praguejou.
Sentia que alguém a observada.
Acelerou o passo novamente.
Começou a olhar para trás. Um vulto ao longe.
Coração acelerou. Adrenalina.
O vulto se aproximava.
Ela acelerou.
Um passo e olhava para trás. Mais um passo e olhava para trás
Em dado momento, ela acabou tropeçando, caindo no mato e rolando até uma outra rua.
Percebeu que estava na East Dr., próximo ao Mayor John Purroy Mitchel Memorial.
- A saída! – ela exclamou.
Levantou rapidamente e saiu correndo, cruzando a rua para ficar do lado direito, longe do vulto.
Contudo, ao atravessar a pista, algo lhe chamou a atenção na beira da estrada. Parecia.... um parte de pernas?! – pensou.
Uma pessoa comum, em apuros, correria.
Um jornalista, louco por um furo, para e verifica.
Karen parou, no meio da estrada. Olhou para todos os lados.
Ofegante.
Se aproximou devagar. Olhando para todos os lados. Pegou o celular e começou a tirar fotos, esquecendo de verificar o sinal.
Só consegui ver os pés (tênis de corrida) e os tornozelos. O restante do corpo estava escondido por um arbusto.
Puxou as pernas.
A imagem era aterrorizadora.
O corpo de uma mulher, seminua, machucada e morta.
Karen começou a tirar as fotos. Mãos tremulas. Nunca tinha visto um corpo tão perto.
- Posso não conseguir uma promoção, mas uma manchete em outro jornal sim....
Seu pensamento foi interrompido por um par de mãos que a seguraram por trás.
Tinha se esquecido do vulto. Ele era real.
Ela tentou lutar. Gritar, mas o agressor era mais forte.
Karen chuta as partes baixas do agressor, que a larga e cai de joelhos Ela também cai. Tenta levantar, mas o agressor a atinge com uma pedra em sua cabeça.
Ela cai de bruços. Ainda estava acordada, mas sangrando.
Se arrasta, mas uma mão muito forte agarra o seu tornozelo, puxando-a.
Karen tenta gritar, mas não tem força.
Um soco e tudo se apaga.



terça-feira, 17 de dezembro de 2024

As Sombras de Zyrion (CONTOS DA MEIA-NOITE)

 


No canto mais esquecido da galáxia de Andarion, o planeta Zyrion orbitava um sol moribundo, banhado por uma luz pálida e fria. A superfície do planeta era um mar de desertos negros e montanhas afiadas, com tempestades elétricas constantes que riscavam o céu com raios lilases. Para a tripulação da nave Aurora II, Zyrion era um mistério que precisava ser resolvido.

— Estação central, estamos pousando em Zyrion. Condições precárias, mas controladas — informou a capitã Lira Kael, ajustando os controles enquanto a nave tremia.

A missão da Aurora II era clara: investigar a origem de um estranho sinal captado meses atrás, um som contínuo e profundo que ecoava como um canto distante. Alguns acreditavam ser um pedido de socorro, outros suspeitavam que poderia ser algo mais sombrio.

A nave aterrissou com dificuldade, levantando uma nuvem de poeira negra. Lira ajustou o capacete de seu traje e se levantou.

— Equipe Alpha, comigo. Equipe Beta, fiquem na nave. Se algo der errado, vocês sabem o que fazer.

Ao descerem, Lira e sua equipe — composta pelo engenheiro Darik, pela cientista Zara e pelo soldado Kellen — foram recebidos por um silêncio absoluto. Nem mesmo o som do vento cortava o ar. O deserto ao redor parecia morto, mas os monitores detectavam algo estranho: níveis altíssimos de energia concentrados nas montanhas ao norte.

— É de lá que o sinal está vindo — disse Zara, apontando para o horizonte.

A caminhada foi lenta e tensa. As rochas pareciam mais afiadas de perto, como lâminas esculpidas por alguma força alienígena. Conforme se aproximavam da origem do sinal, o som que antes era um eco distante começou a tomar forma. Era quase como uma melodia hipnotizante, cheia de notas graves que vibravam no peito de cada um.

— Isso não é natural — murmurou Kellen, segurando firme seu rifle de plasma.

No topo da montanha, encontraram algo que ninguém esperava: uma estrutura monumental, metade enterrada na rocha. Parecia um templo, com paredes feitas de um material reluzente e esculpido com símbolos que brilhavam em um tom prateado.

— Isso é tecnologia avançada — disse Darik, examinando os símbolos. — Mas não é de nenhuma civilização conhecida.

A entrada do templo estava aberta, como se os esperasse. Contra todas as advertências, Lira decidiu avançar.

Lá dentro, a gravidade parecia diferente, e o ar era opressivo. À medida que desciam os corredores do templo, o som ficava mais alto, quase insuportável. Finalmente, chegaram a uma sala ampla, iluminada por uma luz pulsante que emanava de um pedestal no centro.

No pedestal, havia um cristal negro, flutuando e girando lentamente. O som vinha dele.

— Cuidado! — alertou Zara. — Está emitindo uma energia incompreensível.

Mas antes que pudesse analisar melhor, Darik, atraído pela luz do cristal, tocou a superfície reluzente. Num instante, uma onda de energia foi liberada, derrubando todos no chão.

Quando Lira se levantou, viu Darik parado, mas algo nele estava errado. Seus olhos brilhavam num tom prateado, e sua voz tinha um tom metálico.

— Vocês não deveriam estar aqui — disse ele, ou o que quer que tivesse tomado conta de seu corpo.

Lira ergueu sua arma, mas hesitou.

— Quem é você?

O ser respondeu, sua voz ecoando pelas paredes do templo:

— Nós somos os Guardiões de Zyrion. Milênios atrás, selamos este cristal para proteger o universo. Ele não deve ser perturbado.

— Não queremos perturbar nada — respondeu Lira. — Estamos apenas investigando o sinal.

— O sinal era um aviso. Agora que vocês estão aqui, o equilíbrio está ameaçado.

A luz do cristal começou a pulsar mais rápido, e as paredes do templo tremiam.

— Precisamos sair daqui agora! — gritou Kellen.

Lira tentou convencer a entidade a deixá-los ir, mas Darik, ainda controlado, ergueu a mão e o templo começou a desmoronar.

— Fugi-los. E nunca mais voltem.

A equipe correu pelos corredores enquanto pedras caíam ao seu redor. Quando finalmente alcançaram o exterior, o templo inteiro afundou na montanha, deixando apenas silêncio e poeira no ar.

De volta à Aurora II, Lira olhou para o planeta pela janela enquanto decolavam. Eles haviam sobrevivido, mas algo dizia que Zyrion guardava segredos que não deveriam ser revelados.

E, no espaço, o som do cristal continuava a ecoar, como um aviso de que algo muito maior ainda estava por vir.

O Escritório Invisível

 

Era mais um dia no trabalho. A mesma rotina: a mesa cheia de papéis que ninguém nunca lia, os e-mails que se acumulavam em um ritmo impossível de acompanhar, e a impressão constante de que, apesar de todo o esforço, nada realmente mudava.

Luísa havia começado naquela empresa cheia de sonhos. Era jovem, cheia de ideias e acreditava que podia fazer a diferença. Lembrava-se de como era fascinante imaginar projetos que impactariam vidas, pensar em soluções criativas e ver o brilho nos olhos dos colegas quando compartilhava suas ideias.

Mas os anos passaram. E, com eles, veio a realidade. As reuniões se tornaram um desfile de vaidades, onde as melhores propostas eram enterradas por egos inflados. Os projetos, que antes pareciam promissores, agora eram abandonados à primeira dificuldade, sufocados por cortes de orçamento ou burocracias sem fim.

Luísa começou a perceber um padrão. Quanto mais tentava inovar, menos era ouvida. Seu entusiasmo, antes contagiante, agora parecia incomodar. Era como se as paredes do escritório tivessem aprendido a absorver suas palavras antes que chegassem aos outros.

Certa vez, passou semanas preparando uma apresentação. Estudou, pesquisou, dedicou horas extras para garantir que cada detalhe estivesse impecável. No dia da reunião, seu chefe sequer olhou para os slides. "Boa ideia, mas temos outras prioridades", disse ele, antes de mudar de assunto. Foi nesse momento que Luísa sentiu a primeira rachadura em sua motivação.

Os dias se tornaram automáticos. Ela chegava, cumpria suas tarefas e ia embora. Havia um peso invisível que a acompanhava, uma sensação constante de que estava gastando suas energias em algo sem propósito. O brilho em seus olhos deu lugar a um cansaço que nem o fim de semana conseguia aliviar.

Mas o que mais doía não era a rotina repetitiva ou a falta de reconhecimento. Era a perda de si mesma. A Luísa sonhadora, aquela que acreditava em seu potencial, parecia uma lembrança distante.

Até que, em um dia qualquer, enquanto esperava o elevador no fim do expediente, ouviu uma conversa entre dois estagiários. Falavam com paixão sobre um projeto que estavam criando juntos, cheios de entusiasmo e esperança. Luísa se viu neles e sentiu uma pontada de saudade. Não do trabalho, mas da versão de si mesma que ainda acreditava.

Naquela noite, ao chegar em casa, olhou para o espelho e se perguntou: "Por que continuo aqui?" Não havia resposta fácil. O medo do desconhecido pesava. Mas, ao mesmo tempo, havia uma fagulha que começava a se acender novamente.

A frustração profissional, percebeu, era uma espécie de alerta. Uma maneira de a vida dizer que era hora de mudar, de buscar novos caminhos. Talvez não fosse tarde para reencontrar a Luísa que ela costumava ser.

No dia seguinte, foi para o trabalho como sempre. Mas algo havia mudado. Não no escritório, mas dentro dela. E isso, ela sabia, era o começo de algo novo.

O Barbeiro de Sevilha (Detetive Machado Livro 1)

 ME CHAME APENAS DE MACHADO.



Em 
O BARBEIRO DE SEVILHA acompanhamos como o detetive particular Machado tentando desvendar o desaparecimento da filha da Sra. Josefa, uma grã-fina da Zona Norte carioca.
Machado é um policial civil inativo, cuja vida financeira não anda muito bem. Além disso, alguns anos atrás ele teve sua vida virada de ponta cabeça e até hoje não lida direito com a situação a qual se encontra. No entanto, a visita de uma madame ao seu nada gracioso escritório dá uma esperança de certo alívio financeiro. A partir de então ele começa uma busca implacável para encontrar a menina.
O livro 
O BARBEIRO DE SEVILHA é a primeira aventura do investigador particular Machado e o primeiro romance policial do escritor e advogado carioca Wellington Silva.

Wellington da Silva de Paula é advogado e escritor. Possui livros de direito, dentre eles "A banalização do dano moral". Também se aventura nos romances jurídicos, como no livro "Manual de sobrevivência do advogado", aproximando os leitores a carreira da advocacia.



segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Fuga na Linha Vermelha (CONTOS DA MEIA-NOITE)

 


Era final de tarde no Rio de Janeiro, e o céu alaranjado começava a escurecer sobre a Linha Vermelha. O trânsito estava carregado, como sempre, mas ninguém prestava atenção no sedã preto que cruzava as pistas em alta velocidade, cortando os carros como uma navalha. No volante, Júlio Rocha segurava firme o couro desgastado do volante, o coração batendo mais rápido do que o motor do veículo.

— Dá pra ir mais rápido? — gritou Dudu, seu parceiro, olhando nervoso para o retrovisor.

Atrás deles, três viaturas da Polícia Civil seguiam em perseguição cerrada, as sirenes explodindo em um coro de caos. Júlio era conhecido nas ruas como “Rochinha”, um piloto de fuga que raramente era pego. Mas aquela noite era diferente. Alguém os havia dedurado, e o assalto ao carro-forte em São Cristóvão tinha dado muito errado.

— Fica quieto! — Júlio respondeu, desviando de um caminhão com um movimento arriscado. As rodas cantaram, quase jogando o carro para fora da pista.

Os policiais da frente, liderados pela inspetora Camila Dias, não tiravam os olhos do sedã. Ela segurava o rádio enquanto gritava instruções:

— Atenção, cerquem a saída 8! Eles vão tentar pegar a Dutra pra fugir!

Camila conhecia o perfil de Júlio Rocha. Ele era rápido, mas não pensava a longo prazo. Um criminoso com habilidade no volante, mas pouca estratégia.

Júlio viu as viaturas se aproximando. O combustível estava no fim, e o carro começava a falhar.

— A gente não vai conseguir! — Dudu berrou novamente, tirando uma pistola da cintura.

— Guarda essa arma! Se você atirar, a gente vira peneira! — gritou Júlio, com os olhos fixos na estrada. Ele tinha um plano: pegar o viaduto que cruzava o Complexo da Maré e sumir pelas vielas. Ninguém conseguiria segui-los por lá.

Mas Camila antecipou o movimento.

— Atenção! Eles vão cortar para a Maré. Dois carros seguem na retaguarda, o resto bloqueia as entradas!

As sirenes aumentaram, e Júlio percebeu que estava encurralado. Ele virou o volante bruscamente, saindo da pista principal e entrando em uma rua estreita e mal iluminada. As pessoas nos arredores correram para dentro de casa ao ouvir os pneus cantando. O sedã preto guinchava a cada curva fechada, raspando nos muros de tijolo.

— É agora ou nunca! — disse Júlio, vendo a última saída antes do carro morrer de vez.

Mas Camila foi mais rápida. O som de um helicóptero da polícia ecoou acima deles, e a luz do holofote iluminou o carro em fuga.

— Acabou, Rocha! — gritou Camila pelo rádio. — Sai do carro com as mãos para cima!

Júlio freou bruscamente, derrapando até o carro bater num poste. O impacto fez o airbag disparar, deixando tudo em silêncio por um instante. A porta do lado do passageiro abriu, e Dudu saiu correndo, só para ser derrubado por dois policiais que surgiram na esquina.

Júlio abriu a porta devagar, com as mãos erguidas. Ele estava cansado, sujo e sabia que não tinha mais para onde ir.

Camila se aproximou, arma em punho.

— Até que enfim te peguei, Rochinha.

Ele sorriu, com um corte no lábio.

— Não foi por falta de tentativa.

Camila fez um sinal para os outros agentes algemarem-no. Enquanto ele era levado, as luzes vermelhas e azuis das viaturas refletiam nas paredes da favela. Júlio olhou para o céu, que agora estava escuro, e pensou no quanto aquela liberdade momentânea havia valido a pena.

Naquela noite, as ruas ficaram mais silenciosas. A perseguição havia acabado, mas para a polícia e os criminosos, aquele era apenas mais um capítulo de uma guerra que nunca terminava.

Tempo Perdido


O tempo se esvai como areia na mão,
grão por grão, sem chance de voltar.
É um rio que corre sem direção,
levando os sonhos para o mar.

Quantas horas gastei no vazio,
quantos instantes deixei escapar?
Fiz do silêncio meu velho amigo,
mas ele nunca quis me consolar.

Busquei no amanhã o que já passou,
esqueci do presente que estava aqui.
E no vão dos dias, só restou
o peso do "se" que não vivi.

O tempo perdido é sombra que fica,
é eco de passos que não dei.
É saudade muda, que grita,
pelos caminhos que nunca trilhei.

Mas se ainda respiro, posso mudar,
abraçar o agora com nova vontade.
Pois o tempo perdido não vai voltar,
mas o que resta ainda é liberdade.

O Silêncio que Fica (CRÔNICA)


A perda chega como um visitante inesperado. Ela não bate à porta nem avisa com antecedência. Apenas invade, com sua presença pesada e incômoda, mudando tudo de lugar. Naquele dia, foi como se o mundo tivesse desacelerado. O som das vozes ao redor parecia distante, como se viesse de um rádio mal sintonizado, e o relógio insistia em marcar um tempo que já não fazia sentido.

Perder é estranho. É como um buraco que se abre dentro de você e, por mais que tente preencher com lembranças, palavras ou até lágrimas, ele permanece lá. Um vazio que ecoa.

Lembro do cheiro de café na cozinha naquela manhã. Era como qualquer outro dia, mas não era. As notícias chegaram com a frieza de uma mensagem curta. Cinco palavras que mudaram tudo. Primeiro, veio a descrença. Depois, a dor — não imediata, mas crescente, como uma onda que se aproxima lenta, mas inexorável, até te engolir por inteiro.

A casa, tão cheia de histórias e risos, parecia maior naquele dia. Cada canto parecia guardar um pedaço do que foi perdido. O som do riso que não se ouvia mais, o eco de passos que não retornariam. Até os objetos, inanimados, pareciam testemunhas silenciosas de uma ausência gritante.

Ao caminhar pelo quarto, vi a velha poltrona que tantas vezes abrigou conversas sem pressa. No armário, as roupas ainda pendiam como se esperassem por um próximo dia qualquer. Mas os dias "qualquer" tinham se tornado raros. Tudo agora era carregado de significado.

E então veio o silêncio. Aquele silêncio que é mais alto do que qualquer grito. Ele sussurra todas as palavras que não foram ditas, todas as despedidas que não aconteceram, todos os momentos que poderiam ter sido.

Mas o tempo, com sua teimosia, segue. Ele não pergunta se estamos prontos. Apenas avança, empurrando-nos com ele. E, no meio da dor, descobrimos que a perda não desaparece. Ela muda de forma. Transforma-se em saudade. E a saudade, essa criatura estranha, é ao mesmo tempo dor e conforto.

Com o passar dos dias, comecei a encontrar vestígios de consolo nas pequenas coisas. Na memória de um sorriso, em uma música que sempre fazia rir, em um prato favorito preparado com a intenção de sentir a presença novamente, mesmo que só por um instante.

A perda ensina que viver é se despedir muitas vezes, mas também é carregar quem amamos em cada gesto, cada pensamento, cada decisão. Não, não é fácil. Mas, de algum jeito, o amor deixa marcas que a ausência nunca consegue apagar.

E assim seguimos, aprendendo a conviver com o silêncio que fica.