A
grande relação
Upper East Side – O país
parou hoje após a revelação bombástica da youtuber Jessica Sam. Para quem
estava vivendo em uma bolha, há duas semanas este site divulgou, com EXCLUSIVIDADE,
que o filho de Jessica, Adam Jr., não era filho do seu marido, o cantor country
Adam McWill, mas sim do seu concunhado John Button.
Após a divulgação, Adam
passou a atacar este site de forma massiva, através das redes sociais ele
chegou a dizer que iria processar o site.
Contudo, tudo mudou quando
divulgamos uma conversa de Jessica com John, onde ela afirma que este seria pai
de seu filho.
Então o jogo virou e a
internet passou a cobrar o casal, até que nesta manhã Jessica abriu o verbo.
-
Humm – interjeitou, se recostando na cadeira.
O
homem procura em suas anotações, feitas em um caderno pequeno com espiral de
ferro na parte superior. Não achando o que queria, passa a procurar em uma
pilha de papeis amassados.
-
Achei! – berrou o homem após alguns minutos.
Em uma outra conversa com
uma amiga muito próxima, Jessica encaminha uma carta que seria divulgada em sua
rede social, onde revela que Adam Jr. é filho biológico de John, mas que tinha
escondido tudo do marido (namorado na época), pois sua relação com ele era
muito mais vantajosa, confiram a carta:
- Preciso inserir a carta antes de finalizar a publicação. - anotou o homem.
Vejam que na carta Jessica
apenas confessa os fatos, mas alega que achava que o marido era o pai, mas só
depois de muita pressão resolveu realizar o DNA. No entanto, na conversa ela
confessa que falsificou um exame, quando o filho nasceu, pois estava ganhando
muitos seguidores e isso seria uma bomba em sua carreira.
O
homem tira novamente as mãos do teclado do seu computador para ler o papel
amassado em sua mesa.
Seu
nome é Jonathan Bruce Summers, ou John Summers,
como era conhecido no mundo do jornalismo e entretenimento.
John
era dono e único redator do popular site de notícias The Demolisher. Popular sim, mas odiado por muitos.
Engraçado
como as pessoas gostam de ler mesmo quando depreciam as coisas. Para John,
pouco importasse, desde que o dinheiro entrasse.
Ele
já havia trabalhado em grandes jornais, inclusive no New York Post, mas foi acusado de divulgar fake news, contrariando a política da redação.
A
versão de John era um pouco diferente, envolvendo inclusive perseguição
política, mas nada disso impediu de perder o emprego e quase chegar a falência.
O
nome Jonathan Bruce Summers ficou queimado. Hora de criar um nome novo. Na
verdade, vários nomes.
O
site foi criado quando John ainda estava na faculdade de jornalismo na Universidade
Columbia como sendo a única forma de escrever o que queria, mas, após os
eventos cataclísmico em sua vida, virou a sua profissão.
A grande redação do jornal onde trabalhava deu
lugar ao seu novo apartamento em Hell’s Kitchen, Manhattan, NYC, no 5º andar na
9th Ave com a W47th St, em cima de uma loja de utilidades domésticas e
eletrônicos.
Terminando
de escrever a sua nova bomba jornalística, John programa a postagem para as
primeiras horas da manhã, bem como o compartilhamento nas redes sociais.
O
texto foi assinado por Rose Brandt, um dos pseudônimos utilizados por John. Ele
também utilizava: Michael Collins e James Cross.
John
se espreguiça à cadeira, olhando o relógio do computador.
-
Nossa, duas da manhã. Mais um dia virado. Preciso dormir urgentemente.
Ele
olhou o sofá-cama ao lado da mesa do computador e depois para o caderno de
anotações. Havia um “compromisso” marcado para às 4 horas da madrugada, perto
do restaurante brasileiro a algumas quadras dali, um informante sobre
imigrantes ilegais.
Seu
estômago roncou só de pensar no restaurante. Olhou para a mesa, estava com duas
caixas de comida tailandesa de dois dias e na geladeira deveria haver alguma
coisa de três dias.
Respirou
fundo, levantou da cadeira, deixando o computador ligado, sempre a espera de
uma boa matéria, pegou o paletó tweed cinza, apesar da onda de calor que passava pela
cidade, e saiu do apartamento em direção as ruas de New York.
Mesmo
de madrugada, a cidade era movimentada. John adorava aquilo tudo. Passou por
vários restaurantes e bares até chegar ao seu destino.
Tinha
marcado com o seu informante no McDonald’s
próximo ao restaurante onde ele trabalhava. Por motivos óbvios, seria chamar
muita atenção se marcasse no restaurante ou nas imediações.
Além
disso, o McDonald’s era 24 horas e
cabia no orçamento de John.
Eduardo
era o contato. Um brasileiro, naturalizado americano, mas que mantinha um
sotaque paulista bem carregado. Filho de pai americano, o rapaz entrou na
América para estudar e acabou fundando um pequeno comércio de doces.
Contudo,
os padrões americanos são diferentes dos brasileiros. Para um americano, o doce
brasileiro leva açúcar demais. Além disso, achar os ingredientes necessários
para fazer um brigadeiro original era bem complicado, então Eduardo foi a
falência.
Começou
a trabalhar no restaurante brasileiro, aproveitando as origens. Assim, conseguia
pagar a faculdade.
Então
porque o desgraçado queria denunciar o restaurante? Dinheiro! John pagava os
informantes, se a notícia fosse boa e rendesse bem (ou seja, nunca pagava).
O
site tinha seus altos e baixos. Fofoca vendia bem. Notícia séria, aí era complicado.
Então
a denúncia ia servir de quê? Recompensa, prestígio e divulgação do site.
Logo,
a notícia não ia render muito, então Eduardo não ia receber muito, mas John
receberia pela notícia e a recompensa (esta seria maior). Como pagaria o
informante somente pelo faturamento da notícia, o lucro era certo.
Era
esse o plano!
-
Opa! Tudo bem? – cumprimentou Eduardo.
-
O que você tem pra mim?
-
Aqui. – ele entrou uma pasta com documentos.
John
abriu, continha diversas cópias de recibos e alguns registros dos empregados.
-
Só isso? – perguntou John
-
Cara, foi o máximo que consegui essa semana. – o rapaz olhava para os lados,
nervoso.
-
Isso não é suficiente. Preciso de algo mais concreto! – falou seco.
-
Tá, vou conseguir! – o rapaz estava apreensivo.
-
Tem algo te preocupando?
-
Nada. Só preocupado se alguém vai me ver aqui.
John
notava que era algo a mais.
-
Tá bom! – passou a falar – Vê se consegui algo mais e me liga. OK?
-
OK, ok!
Eduardo
não pensou duas vezes, levantou e saiu da lanchonete.
John
fitou o rapaz, acompanhando para qual direção ele ia e quando passou tempo
suficiente, levantou e passou a seguir os seus rastros.
Não
andou muito. Eduardo estava perto do McCaffrey Playground, na W43rd St., e
havia mais alguém com ele.
Será um assalto. – pensou John.
Não,
não era um assalto.
Ao
chegar um pouco mais perto, o jornalista viu algo que não esperava. Eduardo
estava se encontrando com Mark River, um ex-colunista do New York Post, rival de John, antes e depois do Post.
Mark
trabalhava num jornaleco e disputava algumas matérias com John, lembrando os
velhos tempos.
De
posse do seu celular, John tirou algumas fotos enquanto filmava o encontro,
tudo isso com um sorriso no rosto.
-
Ex-colunista do New York Post é visto
com imigrante de restaurante? – falou para si mesmo após desligar a gravação –
Não! Talvez: imigrante ilegal? Humm,
tenho que pensar no título desta matéria! – ele riu.
Alguma
coisa esse encontro renderia, nem que fosse contra o próprio informante.
Chegou
em casa com o raiar do sol.
Estava
ansioso para saber como a sua matéria sobre a Jessica Sam seria recebida, então
ligou a televisão e foi preparar um café.
O
sono foi embora.
Estava
perdido em eu pensamentos, quando algo na TV o chamou atenção. Na verdade, foi
um nome: KAREN SUMMERS.
- O corpo da jovem Karen
Summers foi encontrado na manhã deste sábado no Central Park – dizia o repórter – A polícia ainda não nos deu maiores informações, mas tudo leva a crer
que a jornalista foi assassinada.
- MEU DEUS! – John
estava boquiaberto