No canto mais esquecido da galáxia de Andarion, o planeta Zyrion orbitava um sol moribundo, banhado por uma luz pálida e fria. A superfície do planeta era um mar de desertos negros e montanhas afiadas, com tempestades elétricas constantes que riscavam o céu com raios lilases. Para a tripulação da nave Aurora II, Zyrion era um mistério que precisava ser resolvido.
— Estação central, estamos pousando em Zyrion. Condições precárias, mas controladas — informou a capitã Lira Kael, ajustando os controles enquanto a nave tremia.
A missão da Aurora II era clara: investigar a origem de um estranho sinal captado meses atrás, um som contínuo e profundo que ecoava como um canto distante. Alguns acreditavam ser um pedido de socorro, outros suspeitavam que poderia ser algo mais sombrio.
A nave aterrissou com dificuldade, levantando uma nuvem de poeira negra. Lira ajustou o capacete de seu traje e se levantou.
— Equipe Alpha, comigo. Equipe Beta, fiquem na nave. Se algo der errado, vocês sabem o que fazer.
Ao descerem, Lira e sua equipe — composta pelo engenheiro Darik, pela cientista Zara e pelo soldado Kellen — foram recebidos por um silêncio absoluto. Nem mesmo o som do vento cortava o ar. O deserto ao redor parecia morto, mas os monitores detectavam algo estranho: níveis altíssimos de energia concentrados nas montanhas ao norte.
— É de lá que o sinal está vindo — disse Zara, apontando para o horizonte.
A caminhada foi lenta e tensa. As rochas pareciam mais afiadas de perto, como lâminas esculpidas por alguma força alienígena. Conforme se aproximavam da origem do sinal, o som que antes era um eco distante começou a tomar forma. Era quase como uma melodia hipnotizante, cheia de notas graves que vibravam no peito de cada um.
— Isso não é natural — murmurou Kellen, segurando firme seu rifle de plasma.
No topo da montanha, encontraram algo que ninguém esperava: uma estrutura monumental, metade enterrada na rocha. Parecia um templo, com paredes feitas de um material reluzente e esculpido com símbolos que brilhavam em um tom prateado.
— Isso é tecnologia avançada — disse Darik, examinando os símbolos. — Mas não é de nenhuma civilização conhecida.
A entrada do templo estava aberta, como se os esperasse. Contra todas as advertências, Lira decidiu avançar.
Lá dentro, a gravidade parecia diferente, e o ar era opressivo. À medida que desciam os corredores do templo, o som ficava mais alto, quase insuportável. Finalmente, chegaram a uma sala ampla, iluminada por uma luz pulsante que emanava de um pedestal no centro.
No pedestal, havia um cristal negro, flutuando e girando lentamente. O som vinha dele.
— Cuidado! — alertou Zara. — Está emitindo uma energia incompreensível.
Mas antes que pudesse analisar melhor, Darik, atraído pela luz do cristal, tocou a superfície reluzente. Num instante, uma onda de energia foi liberada, derrubando todos no chão.
Quando Lira se levantou, viu Darik parado, mas algo nele estava errado. Seus olhos brilhavam num tom prateado, e sua voz tinha um tom metálico.
— Vocês não deveriam estar aqui — disse ele, ou o que quer que tivesse tomado conta de seu corpo.
Lira ergueu sua arma, mas hesitou.
— Quem é você?
O ser respondeu, sua voz ecoando pelas paredes do templo:
— Nós somos os Guardiões de Zyrion. Milênios atrás, selamos este cristal para proteger o universo. Ele não deve ser perturbado.
— Não queremos perturbar nada — respondeu Lira. — Estamos apenas investigando o sinal.
— O sinal era um aviso. Agora que vocês estão aqui, o equilíbrio está ameaçado.
A luz do cristal começou a pulsar mais rápido, e as paredes do templo tremiam.
— Precisamos sair daqui agora! — gritou Kellen.
Lira tentou convencer a entidade a deixá-los ir, mas Darik, ainda controlado, ergueu a mão e o templo começou a desmoronar.
— Fugi-los. E nunca mais voltem.
A equipe correu pelos corredores enquanto pedras caíam ao seu redor. Quando finalmente alcançaram o exterior, o templo inteiro afundou na montanha, deixando apenas silêncio e poeira no ar.
De volta à Aurora II, Lira olhou para o planeta pela janela enquanto decolavam. Eles haviam sobrevivido, mas algo dizia que Zyrion guardava segredos que não deveriam ser revelados.
E, no espaço, o som do cristal continuava a ecoar, como um aviso de que algo muito maior ainda estava por vir.
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