quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

Um Milagre na Rua das Amendoeiras (CONTO DE NATAL)

 


A Rua das Amendoeiras era uma viela tranquila em um bairro modesto, mas durante o Natal, ela se transformava. Casas simples ganhavam luzes coloridas, e a goiabeira na esquina principal, que ficava no jardim do Seu Nestor, era decorada como uma árvore de Natal improvisada, cheia de enfeites feitos pelas crianças da vizinhança.

Ana, uma menina de oito anos, olhava pela janela com um misto de tristeza e esperança. Era véspera de Natal, e sua mãe, dona Marisa, fazia o possível para manter a magia da data viva, mesmo com a escassez que as cercava. O pai de Ana, um caminhoneiro, estava na estrada há semanas e não sabia se conseguiria voltar a tempo.

— Mamãe, será que o Papai Noel vai conseguir encontrar a nossa casa? — perguntou Ana, preocupada.

Marisa, com o olhar cansado, sorriu.

— Claro que vai, filha. Ele nunca esquece de quem acredita.

Naquela noite, enquanto as outras casas da rua se enchiam de risos e música, Ana e Marisa ficaram juntas, comendo uma ceia simples: arroz, feijão e um pedaço de frango que Marisa havia guardado com carinho. Depois, as duas sentaram na sala, iluminada apenas pelas luzinhas piscando em um pequeno pisca-pisca na janela.

De repente, uma batida suave na porta quebrou o silêncio.

— Quem será a essa hora? — perguntou Marisa, surpresa.

Ao abrir a porta, encontrou Seu Nestor, o vizinho idoso, segurando uma cesta cheia de frutas, pão e doces.

— Boa noite, Marisa. Sei que este ano tem sido difícil para todos nós, mas o Natal é sobre partilhar, não é? — disse ele com um sorriso caloroso.

Marisa agradeceu emocionada, e Ana correu para abraçar o velho vizinho.

Mais tarde, já de pijama, Ana se deitou, ainda preocupada com o Papai Noel. Marisa a beijou na testa.

— Durma, meu amor. Amanhã será um dia lindo.

Quando Ana finalmente pegou no sono, um barulho fraco veio do quintal. Marisa, intrigada, foi até a janela e viu algo que a deixou sem palavras: um trenó improvisado, feito com tábuas de madeira, puxado por um velho cavalo branco. Dentro do trenó, um homem alto, vestido de vermelho e com uma longa barba branca, acenava para ela.

— Dona Marisa! — ele sussurrou, com um sorriso no rosto. — Pode deixar o resto comigo.

Quando o homem entrou em casa, Marisa reconheceu: era Seu Nestor, vestido como Papai Noel. Ele carregava uma sacola cheia de brinquedos simples que ele mesmo havia consertado ao longo do ano.

— Não consegui comprar presentes novos, mas achei que ela ia gostar desses aqui.

No dia seguinte, Ana acordou e correu para a sala. Lá, encontrou uma pequena boneca de pano, um livro cheio de figuras e uma bola colorida. Seus olhos brilharam, e ela gritou:

— Mamãe! O Papai Noel veio! Ele encontrou a nossa casa!

Marisa, com lágrimas nos olhos, sorriu.

Naquela manhã de Natal, a Rua das Amendoeiras estava cheia de alegria. Seu Nestor, o "Papai Noel", caminhava pela rua com seu trenó improvisado, distribuindo sorrisos e pequenos milagres.

E Ana, com sua boneca nos braços, olhava para a goiabeira decorada e sussurrava:

— Obrigada, Papai Noel. Obrigada por não esquecer de mim.

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