As luzes de neon da boate Velvet Noir piscavam na madrugada, refletindo nas poças de chuva acumuladas nas ruas do centro da cidade. O detetive Lucas Andrade observava o movimento do lado de fora, apoiado em seu carro. Havia rumores de que a boate não era apenas um ponto de encontro noturno, mas também o epicentro de uma rede de chantagens envolvendo figuras poderosas da cidade.
O caso tinha começado com o desaparecimento de Bianca Keller, uma jovem dançarina da boate. A família insistia que havia algo errado, mas a gerência dizia que ela simplesmente tinha saído sem avisar. Lucas sabia que o buraco era mais fundo.
Quando entrou na boate, o cheiro de perfume doce e álcool o envolveu. As pessoas dançavam sob a luz baixa, enquanto garçons entregavam bebidas caras. Ele caminhou até o bar e mostrou sua insígnia ao barman.
— Quero falar com Mirela. Agora.
Mirela era a dona do Velvet Noir, conhecida tanto por sua beleza enigmática quanto por seus segredos bem guardados. Em poucos minutos, ela apareceu, usando um vestido de seda preta que parecia desafiar as leis da gravidade.
— Detetive Andrade — disse ela, com um sorriso controlado. — O que posso fazer por você?
— Bianca Keller. Onde ela está?
Mirela arqueou uma sobrancelha e gesticulou para que ele a seguisse até seu escritório. Lá, o ambiente era mais silencioso, com paredes cobertas de veludo e uma prateleira de bebidas finas. Ela sentou-se atrás de uma mesa de vidro e cruzou as pernas com elegância.
— Bianca não apareceu para trabalhar há dias. Não é incomum para garotas como ela.
Lucas lançou um olhar cético.
— Garotas como ela?
— Jovens, apaixonadas, vivendo em um mundo onde os sonhos colidem com a realidade. Bianca estava envolvida com alguém. Um cliente. Ele a fazia promessas que eu sabia que nunca seriam cumpridas.
Lucas inclinou-se para frente.
— Quem era o cliente?
Mirela hesitou por um momento antes de responder.
— Prefiro não dizer.
— Prefiro que você diga, ou vamos ter que fazer isso do jeito difícil — retrucou Lucas.
Finalmente, ela suspirou.
— O nome dele é Ricardo Fontes. Advogado renomado, mas com um gosto... peculiar.
Lucas reconheceu o nome imediatamente. Fontes era conhecido na cidade por sua influência, mas também pelos sussurros sobre seus segredos. Ele tinha sido visto na Velvet Noir algumas vezes, mas nada que pudesse ser usado como prova.
Saindo da boate, Lucas decidiu visitar Ricardo Fontes em sua casa, uma mansão cercada por altos muros. Usando um mandado obtido com esforço, ele conseguiu acesso.
Dentro da casa, encontrou uma sala escondida no porão, cheia de fotos e vídeos. Em um dos vídeos, Bianca aparecia. Ela não estava apenas dançando; parecia estar gravando algo contra sua vontade.
Antes que Lucas pudesse processar tudo, ouviu passos atrás de si. Virando-se, viu Ricardo Fontes com uma arma apontada para ele.
— Detetive Andrade — disse Fontes, com um sorriso frio. — Você não deveria ter vindo aqui.
Lucas levantou as mãos lentamente.
— Onde está Bianca?
Fontes riu, mas o som era vazio.
— Ela se tornou um problema. Assim como você agora.
O detetive aproveitou uma fração de segundo de distração para avançar, derrubando a arma de Fontes. Após uma luta breve, Lucas conseguiu algemá-lo.
— Você perdeu — disse Lucas, com um sorriso de triunfo.
— Você acha que me prender vai mudar algo? — retrucou Fontes. — Pessoas como eu sempre encontram uma saída.
Dias depois, o corpo de Bianca foi encontrado em um lago fora da cidade. Para Lucas, a vitória de capturar Fontes era amarga, mas ele sabia que precisava continuar lutando contra os segredos sujos da cidade. O neon da Velvet Noir ainda brilhava, mas agora, Lucas sabia o preço que cada luz escondia.
👏🏻
ResponderExcluir