domingo, 21 de janeiro de 2018

CRÔNICA: Cuidado, professora antissocial!

Rio de Janeiro, um dia de um mês de 2016.


Como um bom nerd, aprecio a sétima arte, mas infelizmente não sou rico, então não consigo ir ao cinema com a frequência que gostaria, muito menos tenho todos os serviços de streaming para poder acompanhar os novos filmes ou os antigos ou mesmo aqueles que não chegam as salas do Rio de Janeiro.

Um hobby que tenho, mas também não exercito com tanta frequência (não só por falta de dinheiro, mas por preguiça) é procurar visitar shoppings diferentes e, por consequência, os cinemas diferentes.

Dito isto, recentemente (em Outubro de 2013) havia inaugurado um shopping no bairro de Sulacap, localizado na Zona Oeste da Cidade do Rio de Janeiro, mas eu não tinha conferido o local (atrasado 03 anos), apesar da curiosidade, pois conhecia uma parte do bairro, inclusive há um imenso supermercado, com um ótimo cinema (agora fechado).

Devo dizer que minha noiva é tão maluca quanto eu, pois me segue nessas empreitadas e ainda gosta. Tadinha, corrompi a menina, tornando-a nerd.

Em Maio de 2016 tinha estreado o filme X-men: Apocalypse, oportunidade para conhecer o "novo" shopping.

E lá vamos nós!

Circulamos pelo shopping, almoçamos no shopping e chegamos a conclusão. Que merda!

Peço desculpas para quem gosta do shopping ou mesmo é dono, mas a estrutura dele é muito esquisita. Tem um kart, então há uma atração legal, mas de resto, não vale o tempo de viagem para mim.

Ficou então a dúvida: assistimos ao filme no shopping ruim ou vamos para o cinema bom no supermercado?

Acabamos dando uma chance para o cinema do shopping feio. PRA QUÊ?

A tela era imensa. Ponto positivo! A sala era tão esquisita quando o shopping!

Devo ressaltar que a sala mais esquisita que já fui era o antigo cinema do Shopping Madureira. HORRÍVEL!!!! Pra quem gosta, tinha até banheiro dentro da sala.

O de Sulacap não era tão bizarra, mas a sala tinha umas cadeiras lá no cantão, como se fosse para dar privacidade. E foi esse cantão que nós fomos, mas privacidade não tivemos.

Digo uma coisa: sou paciente, mas não com gente idiota. E quando digo idiota, me refiro aos babacas (de todos os gêneros). Agora, a minha noiva... é 10x pior do que eu!

Por essa razão, escolhemos um local onde dificilmente alguém vai pedir (toda hora) para passar.

Contudo, para o nosso desespero, um bando de adolescentes resolveu sentar perto da gente. OH RAÇA CHATA!!!

Preste atenção, nós vamos ao cinema, pagamos caro, então eu quero ver e ouvir o filme. No entanto, o bando resolveu gastar o dinheiro do papai ou da mamãe com uma sessão de cinema para ficar de "putaria" na sala, pulando de cadeira, falando alto, discutindo, blablabla....

Como falei, sou paciente e ela já estava no limite. Já estava pronto para levantar e soltar meia dúzia de palavrões, quando minha noiva se manifestou primeiro.

Palavrões? Não, ela é fofinha! Contudo, se comigo baixa o advogado, com ela sobe a professora. Sim, sobe, porque para lidar com criança dos outros, sem perder a cabeça, tem que ter pacto.

Não tenho como transcrever as palavras exatas dela, mas só digo que até eu fiquei quieto. Sem falar alto, só o tom de voz da professora. Os adolescentes viram crianças apavoradas. Uma tentou cogitar algum questionamento, mas foi rapidamente silenciado.

Depois da calmaria, eu só pude dizer: estou te desejando ardentemente.

A sessão correu tranquilamente, as crianças não davam um pio. Só nas cenas pós-credito que resolveram trocar de lugar.


Por isso eu digo: cuidado com a professora antissocial.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

CRÔNICA: COINCIDÊNCIAS DO DESTINO

Rio de Janeiro, 14 de janeiro de 2018.


Domingo de sol adivinha pra onde nós vamos... não, eu não aluguei um caminhão, muitos menos vou levar a família para a praia de Ramos, mas o destino era a terra do samba carioca: Madureira!

Contudo, nada de samba, a programação era cinematográfica, conferir os últimos lançamentos do cinema mundial.

O dia seria normal e agradável, se não fosse uma particularidade do dia.

Poderia dizer que foi o fato de deixar 8 Pokémons em 8 estádios diferentes ao longo do caminho para o shopping em Madureira, ou mesmo ter perdido um Venusaur por uma fração de segundo.

Quem sabe o fato de todos os ônibus que peguei (total foram 03) estarem sem ar condicionado funcionando, apesar de ter o equipamento.

Também poderia ser o fato das pessoas serem mimizentas, podendo andar como um hipopótamo manco nos corredores do shopping (apesar de magra), se espalhando para todo o lado, mas quando vc esbarra, não importa, pode pedir desculpas mil vezes, mas a pessoa vai fazer escândalo, tudo para exercitar o mimimi.

A culpa deve ter sido minha, um touro numa loja de porcelana.

Na verdade não, tudo isso foi pormenorizado. Até a sessão foi tranquila e o filme era de boa.

O que chamou atenção foi a volta pra casa.

Sou carioca, vivo no Rio de Janeiro, não tenho problema algum de rodar a minha cidade ou as vizinhas de buzão. Contudo, trabalho pra caceta e em certos momentos não vou ficar esperando a boa vontade das empresas de ônibus, dos motoristas ou mesmo do caminho.

Dito isto, voltei pra casa de carro, chamando pelo aplicativo.

Sabe aquelas coincidências do destino? Pois é, elas acontecem.

Não sei o que acontece, mas, aparentemente, as pessoas sentem vontade de contar as suas vidas pra mim. Será que eu gero confiança?

Bom, eram 24 km para a minha casa, então uma boa conversa sempre é bom.

Rodrigo foi o motorista daquela noite. Militar como profissão principal, motorista para complementar. O que temos em comum? O dia do nascimento.

Para aqueles que acreditam em signo e mapa astral, só digo uma coisa: a igualdade ali era só no dia e mês do nascimento.

Os 30 minutos que conversamos foi suficiente para ver que não eramos parecidos em nada. Contudo, as coincidências não ficaram somente na data do nascimento.

Rodrigo estava passando por uma situação complicada perante o nosso judiciário e, por acaso do destino, sou advogado.

Não, ele não me contratou, muito menos estava enrolado com a justiça, pelo menos não diretamente.

Ao saber da minha profissão, meu xará de aniversário veio me contar a triste situação de sua mãe, uma pessoa que sofre de esquizofrenia e que se encontra há 06 meses presa na Penitenciaria de Bangu.

A esquizofrenia é uma desestruturação psíquica que faz com que a pessoa perca a noção da realidade e não consiga mais diferenciar o real do imaginário.

Ele me contou que sua mãe morava com o namorado e as filhas deles. Pessoas que se aproveitaram da situação dela para infernizar-la. A situação chegou ao ponto que a mãe dele deixou de tomar os remédios necessários para o seu controle, ocasionando um surto que culminou num incêndio provocado pela senhora.

O delegado não pensou duas vezes e encaminhou a senhora para o presídio. Não verificou o estado mental dela, o que poderia ser facilmente atestado, segundo o relato do meu motorista temporário.

Aparentemente Rodrigo não estava na cidade no momento da ocorrência, provavelmente isso facilitou a ação dos provocadores.

E o que ele tem feito nesses 06 meses? Vem batendo as portas da Defensoria Pública na tentativa de conseguir a rápida solução do caso da mãe, para que, pelo menos, ela receba o tratamento adequado.

O melhor seria ele procurar um advogado particular? Na atual conjuntura do serviço público brasileiro, sim. Eu já tinha em mente o nome de um colega para indicar, pois não atuo na área, mas o problema é a falta de recursos para isso. Um advogado criminalista pode ser caro e Rodrigo demonstrou que já havia procurado e realmente não tinha condições.

Assim, o jeito era ficar na mão do estagiário da defensoria, porque o defensor nunca atende.

O tempo estava passado e o judiciário estava caminhando a passos de tartaruga, como sempre. Segundo ele, somente após uma perícia médica o caso andaria, apesar de ele já ter apresentado um laudo, emitido por um médico militar.

Ao chegar ao meu destino, nada foi pedido. Ele não quis consulta, não quis advogado particular de graça. Acho que era só o momento de desabafar e, como disse, aparentemente sou bom nisso, sendo mais uma história que permeará minha cabeça.

domingo, 14 de janeiro de 2018

CRÔNICA: A VIDA É IMPREVISÍVEL

Rio de Janeiro, 13 de janeiro de 2018.


Mais um sábado do mês de Janeiro no verão chuvoso da Cidade do Rio de Janeiro.

No ano de 2013, minha noiva e eu fizemos nossa primeira viagem de férias como namorados. Nove dias em Penedo/RJ. Nove dias de chuva. Aquela chuva fininha, mas constante.

Então, o verão na Cidade do Rio de Janeiro de 2018 estava parecendo mais o verão da Penedo de 2013.

Este sábado não foi diferente. Nublado pela manhã. Um solzinho no começo e meio da tarde. Chuva forte com trovões no final da tarde e noite.

O plano era fazer nada durante o dia (a final estava de férias) e a noite encontrar com minha noiva e ir para uma festa de aniversário no bairro de Cordovil, subúrbio da cidade.

E lá vamos nós!

Duas coisas que você tem que saber: primeira: a "maldição" de quem nasce em Janeiro; segunda: se você faz alguma coisa para alguém, tem que fazer para todos.

Uma colega da minha noiva sempre chamava a gente para a festa de aniversário da filha. Contudo, o aniversário é em Janeiro.

Quem nasce no mês de Janeiro tem que se acostumar com a fadada (ou não) maldição. É mês de férias. Também é mês de festas de final de ano (Natal e Réveillon). Então as pessoas estão mais preocupadas com as vidas delas. Querem viajar, beber até cair e se esquecem de você.

Eu nasci no dia 01 de Janeiro, logo, tenho qualificação para falar disso. Nasci no dia do Ano Novo. Todo mundo fala do primeiro bebe do ano, mas esquecem da maldição do esquecimento. Fora o presente único. Para quem liga ganhar presente, só vai ganhar UM. Natal e aniversário. COMBO DA MALDIÇÃO.

Pois bem, a garotinha nasceu no começo de Janeiro. Ela ia ganhar uma festa de aniversário, mas os convidados às vezes podem não aparecer, pois estão mais preocupados com suas férias.

Eu não me excluo disso, afinal de contas, preferia estar viajando, mas o destino quis me deixar no Rio (quando digo destino, digo falta de dinheiro), então, vamos à festa da menina.

Nunca fomos, então a nossa chegada é quase um evento e, como todo grande evento, há consequências. Como eu disse, se você faz alguma coisa para alguém, tem que fazer para todos.

Logo, se você vai à festa de uma criança, deve ir à de todas!

Então, neste sábado tínhamos uma festa pra ir, então, o que a mulher faz quanto tem um evento? Unha e cabelo!

Que ninguém me leve a mal, mas homem é muito simples. Tomou banho, colocou meia dúzia de panos no corpo, tá pronto. Mulher não! Tem que se arrumar, fazer cabelo, unha etc. Não é reclamação, apenas constatação.

No entanto, cabelo feito + chuva não é uma boa combinação.

A festa começava às 19 horas, mas às 18h30min eu estava em Marechal, onde minha noiva mora, mas ela só tinha feito a unha e a chuva estava insistente. O salão estava cheio, ou seja, ela não estaria pronta às 19 horas NUNCA.

Então, depois de muito pensar, desistimos de ir à festa.

A irmã dela iria para um jogo de vôlei na Tijuca, então ficaríamos em casa com os cachorros. Todavia, a vida muda de ideia constantemente, então ao ficar sabendo que a gente não ia para a festa, surge à ideia de todos irmos para o jogo.

Então, lá vamos nós, pega o buzão 638, rodar quase 19 km pelas ruas de pelo menos 13 bairros para chegar ao Tijuca Tênis Clube, na chuva. Só que a vida é uma caixa de incontáveis surpresas.

Chegando ao Tijuca, com pulseira de entrada na mão, fomos barrados no baile! Por quê? Minha cunhada estava com a camisa do Flamengo e o jogo era SESC-RJ x Cruzeiro. Flamengo não poderia entrar, pois a torcida do Cruzeiro estaria lá.

Ou seja, estamos no Rio de Janeiro e a torcedora do time do Rio de Janeiro, com a camisa de um clube do Rio de Janeiro, não poderia entrar num jogo de vôlei, mas a torcida de Minas Gerais poderia!

Eu confesso que sou um cara tranquilo. Poucas são as vezes que compro briga. Também não sou flamenguista, muito menos simpatizo pelo time. Sou carioca, mas torço para o São Paulo Futebol Clube (me julguem). No Rio, simpatizo com o Campo Grande Atlético Clube (Go Galo!), mais porque sou cria do bairro.

Contudo, neste momento o advogado que existe em mim e estava adormecido pelas férias sabáticas despertou. Se a minha cunhada não tivesse ficado passiva no momento, demonstrando que preferia não comprar a briga, eu teria arrumado um barraco jurídico. Ou a gente entrava ou ninguém entrava.

Detalhes importantes: a funcionária foi específica, camisa do Flamengo; o jogo era televisionado (barraco em dobro); em nenhum momento foi divulgado que o torcedor não poderia ir de camisa de time.

A funcionária ainda teve o disparate de falar para um de nós entrar e pegar uma camisa do SESC. COMO SE FOSSE FÁCIL!!!

Pois bem, barrados ficamos. Voltamos arrependidos? Não, acabamos indo parar na Pizza Gril da Tijuca. Lugar que não frequentávamos há quase 05 anos, mas que dá de 10 x 0 em qualquer outra pizzaria (chupa Parmê), não só pela variedade, mas como pelo atendimento.


A vida é realmente imprevisível. Planejamos um evento, acabamos caminhando para outro, mas terminamos em um lugar completamente inesperado. Não voltamos pra casa completamente satisfeitos, mas com a barriga cheia de pizza e as redes sociais lotadas de reclamações sobre os fatos.